Mais de 90% das jornadas de compra começam com uma busca online — inclusive de quem fecha negócio cara a cara.

Meu cliente não está no Google.” Essa frase, que parece tão definitiva, já foi ouvida mais vezes do que se pode contar — geralmente dita por quem ainda acha que marketing digital é só pra loja virtual, pra jovem conectado ou pra quem vive de curtidas. Mas a realidade não se curva a achismos: todo mundo está no Google. E quem diz o contrário, provavelmente ainda não parou pra olhar os dados com calma.

Hoje, mais de 90% das decisões de compra começam com uma busca online. Isso vale pra todo tipo de produto e serviço — de pastel de feira a consultoria tributária, de tratamento estético a instalação de calha. O comportamento do consumidor mudou. E mudou há tempo. As pessoas pesquisam antes de comprar, mesmo que a compra aconteça pessoalmente, no caixa, com um aperto de mão ou com aquele cafezinho oferecido no balcão.

É o que o mercado chama de ROPO (Research Online, Purchase Offline), ou, em bom português, “pesquisa online, compra offline”. Esse hábito é tão natural que nem passa pela cabeça de muita gente que está, sim, fazendo isso — perguntando ao Google “mecânico perto de mim”, “melhor pizzaria em São José”, “dentista com boas avaliações” ou simplesmente digitando o nome da loja antes de entrar nela. E aqui vai um dado que dispensa rodeios: 76% das pessoas que fazem uma busca local no celular visitam uma loja física nas 24 horas seguintes.

Então, quem é esse “cliente que não está no Google”? Alguém que vive à margem da internet, que não usa smartphone, que não pergunta nada ao buscador antes de tomar decisões? Essa pessoa existe, claro. Mas é minoria. Muito minoria. E não é em cima dessa exceção que se constrói uma estratégia de negócios sólida, escalável e preparada pra crescer.

O grande ponto é: o cliente está sim no Google — mas a sua empresa talvez não esteja. E quando ela não aparece nos primeiros resultados, quando não tem uma ficha do Google Meu Negócio, quando não investe em SEO local, quando não oferece conteúdo de valor… ela vira invisível. Simples assim. Não é que o cliente não esteja procurando. É que ele procurou e encontrou seu concorrente.

Tem outro fator importante aqui: a confiança. Quando uma empresa não aparece nas buscas ou tem uma presença digital pobre, desatualizada ou mal cuidada, ela perde pontos antes mesmo de dar oi. Afinal, se o Google não mostra nada, se não há avaliação, se não tem foto, se ninguém fala sobre, o que isso diz sobre a seriedade do negócio? Em tempos em que o consumidor compara tudo, o invisível não é ignorado por descuido — é descartado por desconfiança.

E não pense que isso vale só pra quem quer vender para jovens urbanos. Essa lógica já chegou ao interior, aos bairros mais afastados, aos negócios de rua, às oficinas, aos prestadores de serviço de toda ordem. Porque o Google virou o novo “boca a boca”. E quem não entendeu isso, está tentando vencer o jogo com as regras de outro século.

Por isso, quando alguém diz “meu cliente não está no Google”, a pergunta que precisa vir logo em seguida é: quem disse isso — o cliente ou você? Porque, se for só uma impressão, um palpite ou um eco de conversas antigas… talvez seja hora de rever a rota antes que a concorrência faça isso por você.

O que os dados realmente mostram sobre o comportamento de compra

Existe um hábito silencioso que praticamente todo consumidor moderno repete sem perceber: buscar no Google antes de tomar qualquer decisão de compra. Não importa se a compra será feita online, por telefone ou no balcão da loja. O primeiro passo é quase sempre digital.

A pesquisa “Think with Google”, realizada em vários países, mostra que o consumidor médio consulta entre 6 e 8 fontes diferentes antes de fechar uma compra. Isso inclui sites de empresas, blogs, marketplaces, avaliações no Google Meu Negócio, vídeos no YouTube e fóruns de opinião. Ou seja, mesmo que a venda aconteça no mundo físico, ela começa no digital.

E aqui entra um dado que derruba o mito do cliente “offline”: 58% dos consumidores brasileiros afirmam que pesquisam online mesmo quando pretendem comprar pessoalmente. É o famoso “vou dar uma olhadinha antes”. E isso vale pra praticamente qualquer segmento: supermercado, cabeleireiro, autopeças, restaurantes, pet shops, clínicas, floriculturas, oficinas e por aí vai.

O efeito invisível: quando a empresa não aparece

Diante desse cenário, dizer que “o cliente não está no Google” soa mais como uma desculpa disfarçada de argumento. O mais provável é que a empresa esteja sem presença digital suficiente. E isso afasta até mesmo os clientes que já ouviram falar dela.

Pense no seguinte: alguém indica um encanador excelente. O cliente anota o nome, chega em casa e resolve procurar no Google pra confirmar o telefone. Mas… nada aparece. Nenhum site. Nenhum perfil. Nenhuma ficha no Google Meu Negócio. Resultado? essa pessoa vai acabar chamando outro profissional que esteja lá, bem posicionado, com boas avaliações e telefone visível.

Ser invisível no Google é deixar a concorrência jogar sozinha. A busca é hoje um dos principais momentos de decisão do consumidor. E não adianta brigar com esse fato — o que dá resultado é entender como usar isso a favor.

A importância do SEO local e do Google Meu Negócio

É aqui que entra o poder do SEO local e do Google Meu Negócio. E não estamos falando de investimentos gigantescos ou estratégias mirabolantes. Muitas vezes, um bom cadastro no Google com nome correto, telefone, endereço, fotos e categorias bem definidas já coloca uma empresa no mapa — literalmente.

A ficha do Google é como uma mini loja digital. Quando bem feita, ela:

  • Aparece nas pesquisas locais (ex: “pizzaria em Ponta Grossa”)

  • Exibe avaliações de clientes

  • Mostra horário de funcionamento

  • Permite rotas no Google Maps

  • Cria uma primeira impressão positiva

E o mais interessante? É gratuita.

Muitas empresas que dizem “meu cliente não me encontra” sequer atualizaram os dados da própria ficha. E aí, mesmo quando alguém procura, o que aparece é confuso, incompleto ou pior: incorreto. É como se a vitrine estivesse com a luz apagada.

Já o SEO local vai além. Ele posiciona bem a empresa nas buscas orgânicas usando palavras-chave geográficas (como “manicure no centro de Londrina” ou “curso de inglês em Joinville”), páginas otimizadas, conteúdo educativo e estratégias simples de relevância.

Conteúdo educativo: o segredo que atrai até os mais desconfiados

Mesmo quando o consumidor não sabe exatamente o que procurar, ele pesquisa para entender melhor o problema. E aí entra um tipo de conteúdo que tem virado o coração das estratégias mais eficientes: o conteúdo educativo.

Se a empresa trabalha com instalação de ar-condicionado, por exemplo, pode criar textos como:

  • “Como escolher o ar-condicionado ideal para apartamentos pequenos”

  • “Ar-condicionado consome muita energia? Veja como economizar”

Esses conteúdos respondem dúvidas reais. E ao fazer isso, a marca aparece nas buscas, ganha confiança, e vira referência antes mesmo de alguém pegar o telefone.

E não pense que isso só vale para negócios modernos. Já tem pet shop fazendo conteúdo explicando os benefícios da tosa higiênica. Tem oficina explicando como saber se os pneus estão vencidos. Tem dentista falando sobre clareamento caseiro vs clareamento profissional.

A lógica é simples: quem ensina, atrai. Quem atrai, vende.

A diferença entre estar online e ser encontrado

Muita gente acredita que “estar no Google” é ter um site. Mas não basta existir. É preciso ser encontrado.

Um site sem SEO é como uma loja linda no meio do nada, sem nenhuma placa, sem rota no GPS e sem mapa. Pode até ter tudo certo lá dentro. Mas ninguém chega até lá.

Para ser encontrado, é preciso:

  • Usar palavras-chave que o cliente realmente pesquisa

  • Ter conteúdo de qualidade (textos, imagens, vídeos)

  • Estar presente no Google Meu Negócio

  • Receber avaliações e comentários reais

  • Estar em canais confiáveis e atualizados

Tudo isso gera o que o Google chama de relevância. E quanto mais relevante uma empresa é, mais fácil ela aparece nas buscas — seja para quem pesquisa pelo nome, pelo serviço ou por uma dúvida.

O paradoxo do consumidor moderno: pesquisa digital, decisão emocional

Existe uma cena que se repete todos os dias, em milhares de casas, escritórios, celulares e lojas do país. Uma pessoa quer comprar algo. Pode ser uma furadeira, um plano odontológico, uma aula de pilates ou um pastel de feira. O que ela faz? Pega o celular, digita no Google e começa a busca.

Até aí, nada novo. Mas o curioso é que, mesmo diante de todas essas buscas, muitas empresas ainda acreditam que a compra acontece “do nada”, sem essa etapa digital no meio. Como se o cliente acordasse decidido, entrasse na loja, fizesse o pedido e fosse embora, sem pensar muito. Isso até pode acontecer — mas é cada vez mais raro.

O consumidor de hoje decide emocionalmente, mas pesquisa racionalmente. Ele quer se sentir seguro. Quer saber se o local é bem avaliado, se tem outras pessoas satisfeitas, se o produto é confiável. E, antes de ligar ou ir até o local, ele valida sua escolha com o Google. É como se o buscador fosse um oráculo moderno, que dá a “bênção” pra compra acontecer.

E isso não vale só pra grandes decisões. Até o simples ato de pedir comida virou digital. Alguém sente fome, mas antes de escolher onde pedir, pesquisa: “hamburguer artesanal perto de mim”. Acha um lugar, lê os comentários, confere fotos, clica no site. Só depois faz o pedido.

A jornada pode ser curta, mas quase nunca é cega.

O curioso é que, muitas vezes, esse consumidor nem percebe que está fazendo tudo isso. O processo virou automático. Intuitivo. Natural. Ele só queria resolver um problema ou matar uma vontade. E o Google virou o caminho mais rápido entre a dúvida e a solução.

Agora, pense no impacto disso para as empresas. Quem não aparece nesse caminho, não existe. Não porque seja ruim, mas porque não foi encontrado. E isso vale tanto para a padaria quanto para o consultório médico. Se não está no Google, está fora do radar.

Mas tem outro ponto interessante. Apesar de toda essa digitalização, a decisão final ainda carrega emoção. Pode ser a empatia por uma marca com propósito. Pode ser a confiança transmitida pelas avaliações positivas. Pode ser a identidade visual bem feita, o tom humano do conteúdo ou a sensação de que aquela empresa “entende do assunto”.

Por isso, não basta aparecer no Google como um anúncio genérico. É preciso mostrar quem a empresa é, o que ela oferece, por que ela vale a pena. O consumidor vai buscar informação, mas vai decidir com o coração. E se não houver conexão, não há clique que salve.

Esse é o grande paradoxo: vivemos a era mais racional das compras — mas ela só funciona porque por trás dos dados, existem pessoas.

E sim, essas pessoas estão no Google. Todas elas.